segunda-feira, 26 de abril de 2010

Prêmio WTF 2010

Deu na Folha:

"O líder da oposição conservadora polonesa, Jaroslaw Kaczynski, anunciou nesta segunda-feira que se apresentará às eleições polonesas de 20 de junho, convocada para designar o sucessor de seu irmão gêmeo, Lech Kaczynski, falecido em um acidente de avião na Rússia no último dia 10."

Não será surpresa para quem leu meu post sobre o assunto. Fiquem alertas para o aparecimento de um cavanhaque. Ou talvez um gato branco.

Que mundo bizarro.
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sexta-feira, 23 de abril de 2010

Blues da eleição

Ser brasileiro é fundamentalmente nascer privado de algo vital, alguma coisa difícil de definir mas importante especialmente por sua ausência. É como receber de herança uma mansão em outra cidade e, ao chegar lá, descobrir que uma enchente varreu a casa do mapa e deixou apenas um terreno elameado: você nunca viu e de fato, nem teve a mansão, não sabe o que perdeu mas sabe que, como sempre no seu caso, deu merda.

Mesmo comparando com os outros países das Américas, a nossa identidade nacional não tem pegada. A cidadania brasileira é uma condição temporária, esperamos, para ser sutilmente deixada de lado até descobrirmos uma descendência mais interessante (italiana, espanhola, inglesa, etc.) ou nos tornarmos ricos, que são os verdadeiros cidadãos do mundo e podem escolher uma cultura por semana para imitar.

Tudo isso tem um motivo, claro. O Brasil exige pouco diretamente de cada um de nós. Não nos envia recrutados à força para guerras de conquista. Não confisca nosso rico dinheirinho para fazer palácios de ditador iraquiano. Não condena minorias étnicas a serem cidadãos de segunda classe. Não faz nada de muito dramático: é um marido ausente, sempre no bar, que aparece de vez em quando para um chamego e levar o dinheiro da sinuca, mas não o que estapeia a cara-metade nem rouba as jóias da família.

Por outro lado, nós também não exigimos muito dele. Não insistimos em receber um nível e qualidade de serviços públicos à altura dos impostos que pagamos; preferimos ficar miando e querendo não pagar imposto algum, uma alternativa válida mas notóriamente preguiçosa. Cada brasileiro pode apontar para um mapa e em segundos apontar pelo menos 60% do país que, a seu ver, não contribui em nada e nunca vai fazê-lo, meros sanguessugas (ao contrário do seu próprio e augusto empreendedorismo). O separatismo só não é um problema aqui graças, em grande parte, à nossa preguiça. Quando não se pode cancelar defeitos com virtudes, defeitos podem anular defeitos, felizmente.

Nossa relação com a democracia é o melhor exemplo. Ela é inconstante e possui expectativas baixíssimas. A cada quatro anos somos chamados às urnas para salvar o mundo (pois certamente uma vitória do oponente vai precipitar um cataclisma que fará o filme-catástrofe 2012 parecer um conto de natal), e um mês depois já estamos perfeitamente desligados do nosso destino político. Caso nosso lado vença, esquecemos da política pois sabemos que ela está em mãos que podem não ser boas, mas são aceitáveis. Caso o outro vença, melhor nem acompanhar para não ficar frustrado e esperar um escândalo para pedir, por tabela, impeachments e afins.

Faz sentido: o amor pela democracia é, no final das contas, um amor à sistemas. E quem consegue se empolgar por algo tão frio e sem vida? (Exceto, claro, nosso amigos contadores). Sem uma identificação profunda do indivíduo com o sistema, isso é impossível. É como sortear um time de críquete da dinarmarca e pedir para um carioca torcer por ele com a mesma paixão que dedica ao Flamengo.

O problema, portanto, é o sistema. As engrenagens de um país não podem, por definição, ser neutras. Elas giram em favor de alguém e usam a energia fornecida por outro alguém. Não existe nada mais perigoso ou complicado do que mudar ou reformar o sistema, como Niccoló Maquiavel já definiu: os seus defensores estão sempre em posições de poder, se beneficiando dele ao longo de gerações, e os beneficiados pela mudança são sempre fracos e desorganizados. É uma equação que tende à estagnação. Felizmente, a raça humana exige, de tempos em tempos, momentos de ruptura. Quando as instituições caducam, resetamos os sitema por bem ou por mal, e de vez em quando, o que aparece é algo...admirável.

Essa é a reforma que mais precisamos no Brasil: uma consciência de propósito, um projeto de país que todos, nos escritórios da Faria lima até os vilarejos do Acre (caso este exista de fato) possam reconhecer, senão apoiar. Todas as outras só virão como consequência. Países não se desenvolvem graças a heróis e presidentes: crescem e melhoram apesar deles.

Quando nos olharmos no espelho, dermos um par de tapas em nossas próprias caras e trabalharmos para melhorar processos e valorizar nosso passe, quando pudermos dizer que vamos crescer sempre, pouco importanto o presidente ser de direita ou esquerda, analfabeto ou PhD, santo ou demônio, deixaremos de ser o eterno país do futuro e iremos merecer o presente.

O que for da vida não nos deterá.
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quarta-feira, 14 de abril de 2010

Só para geeks



Bento XVI consulta o Dungeon Master Guide?

A tabela de Saving throws está na página 101, Santidade.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Tudo explicado


Finalmente ficou óbvia a causa do terrível acidente aéreo que eliminou quase toda a liderança do governo polonês. O presidente Lech Kaczynski tinha, como visto na foto acima, um irmão gêmeo.

Como todos sabemos, nestes casos existe sempre um Gêmeo Bom e um Gêmeo Mau. Presumivelmente, o Gêmeo Mau orquestrou o acidente para poder roubar a carreira, a reputação e o grande amor da vida do Gêmeo Bom, como também é de praxe.

Fiquem atentos. Caso o irmão sobrevivente deixer crescer um cavanhaque, saberemos com certeza. E descobriremos que vivemos em um novela das 7.

Encontrar Alguém

Eu já tive a sorte de encontrar a mulher da minha vida umas duas ou três vezes. O azar é o fato de que ela geralmente já é a mulher da vida de alguém mais, que a encontrou primeiro, desgraçado.

No momento, eu tenho duas alternativas. Uma é impossível e a outra é complicada. Não que existam escolhas fáceis quando o assunto é este, mas cada uma das alternativas envolve uma renúncia muito grande, que pode envolver carreira, amigos e passado. É uma escolha que tem que ser feita, antes que a vida o faça no seu lugar, geralmente com resultados muito, muito piores.

Gostar de alguém é fácil. A grande questão, que poucos realmente percebem, é quando gostar da pessoa X faz você, em consequência, gostar mais de si mesmo, ser mais e melhor em função do outro e da sua vida em comum.

Me assusta, às vezes, perceber como meus amigos levam a vida emocional no piloto automático. Estar com alguém parece ter a frieza prática de montar um time de futebol de salão quando falta gente. "Precisa de cinco...chama qualquer um aí!". Vão de relacionamento em relacionamento, todos idênticos ou quase, que começam e acabam pelos mesmos motivos, até se cansarem do jogo e adotarem um solteirismo diplomático, alcançarem uma Suíça neutra do relacionamento humano.

Não tenho, claro, cacife para julgar ninguém. No amor os únicos critérios que valem alguma coisa são a longevidade e (mais importante) a felicidade. Quando eu alcançar um ou ambos eu volto ao tema para contar vantagem.

domingo, 11 de abril de 2010

A Prova Final




Quando olharmos para trás, vinte ou trinta anos no futuro, poderemos dizer aos nossos filhos e amigos que testemunhamos um evento único: o desabamento de uma instituição de dois mil anos.

O escândalo eterno dos abusos sexuais de menores por padres achou uma forma de piorar: A AP encontrou um documento onde o próprio Ratzinger, futuro Bento XVI, tira um sacerdote estuprador do gancho. O padre em questão amarrava e violentava crianças entre 11 e 13 anos, e durante anos os bispos de sua dioceses tentaram expulsá-lo. O Vaticano sempre intervinha em favor do criminoso em conta de sua idade jovem (38 anos na época).

O documento é assinado e comentado a fundo pelo próprio Ratzinger, que pesa os eventos e escolhe um lado (dica: não o das crianças). Não há defesa ou argumento possível nesse ponto.

A questão agora é: o que fazer? A Igreja segue afirmando que é tudo invenção da imprensa que de repente acordou anti-católica. Não pode entregar a cabeça dos envolvidos nem do papa (mesmo que quisesse) pois sabe que isso enfraqueceria ainda mais seus quadros e seu status.

Que fique claro: é apenas o seu status religioso e a reverêmcia indevida que os governos tem por ele que impedem que Bento XVI seja algemado assim que pisar fora do Vaticano. A Igreja não vai puni-lo (o único órgão da Igreja que tem o poder de destituir papas é escolhido pelo próprio).

Um pouco de futurologia, então: Ratzinger é um homem idoso. Em alguns anos descobrirá em pessoa se sua religião é a certa, indo para o além-vida. Seu sucessor fará alguns pronunciamentos neutros onde cita o problema de forma sutil, sem tomar quaisquer medidas reais.

E a reputação da Igreja Católica vai morrer lentamente ferida por mil pequenos cortes. Pais irão impedir que filhos sigam a carreira sacerdotal por saberem dos eventos que ocorreram. A palavra Igreja será sinônimo de abuso sexual e pessoas desajustadas (da mesma forma que "prisão"), e motivo de piadas sacanas. A idade média dos padres, atualmente no patamar "Dercy Gonçalvez", vai subir para "Oscar Niemeyer".

A perda é o trabalho assitencial que a Igreja Católica de fato raliza em diversos países, e as pessoas que dele dependem. Bizarro ao extremo que os dirigentes da Sé coloquem isso em risco em nome da devoção ao poder, à rigidez hierárquica e da proteção aos que abusam dos poucos inocentes de verdade que existem nesse mundo, as crianças.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Eu não entendo

"O mundo é um circo, se você souber enxergar. O jeito que o Sol desce quando você está cansado e sobe de novo quando quando você quer se mexer. Isso é magia de verdade. O crescer de uma folhar, o cantar dos pássaro, a imagem do deserto à noite sob o abraço da lua.

Ah, meu garoto, isso é circo o bastante para qualquer um. Toda vez que você vê um arco-íris e sente o espanto no seu coração, ou pega um punhado de poeira e vê não o pó mas um mistério, uma maravilha ali na sua mão.

Sempre que você pára e pensa 'Eu estou vivo, e viver é fantástico'. Sempre que isso acontece, você é parte do circo".

As sete faces do Dr. Lao, 1964