segunda-feira, 14 de junho de 2010

Pergunta...

Quem dirige pior: os motoristas com o adesivo do rosário na traseira do carro, ou os que colocam aquele ímã do peixe evangélico?
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terça-feira, 8 de junho de 2010

Diplomacia no Oriente médio: É uma cilada, Bino!

Uma parte vital e, quando lida nos livros de História, divertida da transição de Zé Ninguém Global para Potência Emergente é meter a colher na sopa dos outros. Arbitrar disputas, negociar conflitos, engolir um território aqui e ali, abrir mercados estrangeiros à força, etc. e tal.

O Brasil sempre teve a ilusão, quanto País do Futuro, de que quando tivesse sua vez sob os holofotes as coisas seriam diferentes: nossa não seria a projeção mesquinha de embargos, guerras, negociatas e intrigas étnicas, religiosas e financeiras dos outros países. Apenas ganharíamos o palco, com nossa malandragem mansa, e cativaríamos a todos com a nossa faceirice.

A realidade não demorou a lançar um tijolo na nossa testa. Quando se trata de grana e território, países não perdem tempo com licores e charutos. O que importa são definições: amigo ou inimigo, contra ou a favor, sérvio ou bósnio, judeu ou muçulmano.

Por este motivo a excursão diplomática brasileira para o Oriente Médio já me causou calafrios de véspera. Se existe uma região do globo onde os perigos são catastróficos e as recompensas meramente simbólicas, é esta.

Ninguém fica neutro por muito tempo no Oriente Médio. A própria palavra ganha um ar tragicômico. Um bom exemplo foi uma das ‘gafes’ de Lula em Israel, ao recusar a visita ao túmulo do fundador do sionismo que foi subitamente inclusa em seu itinerário. Por muito pouco, o país inteiro não escolhe um lado, sem saber, em um dos conflitos mais longevos e deprimentes da atualidade. Um passeio mal-escolhido, e milhões passam a cuspir à menção do seu nome, inimigos eternos. Exagero? Lembrem que bastou a caminhada de Ariel Sharon (com 1100 guarda-costas) pelo Monte do Templo em setembro de 2000 para detonar uma nova Intifada. Nesta terra, os atos mais letais muitas vezes são simbólicos.

Esse poder que o passado e o simbólico exercem não é algo que nós podemos entender facilmente. Uma das poucas verdadeiras vantagens (para o bem e para o mal) que a índole brasileira possui sobre as demais é a nossa falta de paciência e memória quanto aos conflitos do passado. Não temos minorias furiosas devido à derrota da Balaiada ou da Revolta Integralista, décadas ou séculos atrás. Até nos EUA a questão da Guerra civil, velha de 150 anos, ainda gera atritos. Todo ano, dezenas de milhares de caipiras armados, os clássicos rednecks, “re-encenam” as batalhas onde o Exército Confederado vence e salva racistas e latifundiários da modernidade tão chata que se seguiu no mundo real.

Os resultados da negociação e do acordo requerem estabilidade e contexto. Mas quando se trata de Oriente Médio, a única certeza é a de que algo sempre vai acontecer para chutar o tabuleiro de xadrez para o alto e espalhar as peças, tornando a conjuntura anterior obsoleta e todos os acordos e avanços feitos em cima dela nulos. Foi assim com a invasão israelense no Líbano atrás do Hezbollah (que terminou em um azedo empate), com o isolamento de Gaza em um semi-gueto, com as revoltas populares na eleição iraniana, com o nosso acordo nuclear e agora novamente com o ataque na flotilha. É como querer construir um barco no meio de um redemoinho.

Voltando ao principal: a diplomacia brasileira é de um talento e profissionalismo que, em um mundo mais justo, faria do Itamaraty, e não da seleção brasileira de futebol, nosso orgulho coletivo perante o mundo. Confio em nossos diplomatas até para dar nó em um pingo d’água em plena queda, no meio de uma cachoeira. Mas existem lugares e temas menos impossíveis e com benefícios maior para o Brasil do que o ódio e tribalismo do Oriente Médio. Podem não render capas de revistas e manchetes ao redor do mundo, mas quem é esperto não quer esse tipo de atenção.

Sigam a lição da Suécia e da Dinamarca, colegas: cuidem dos seus, prosperem e vivam bem, sem dar muito na vista. Se os outros quiserem seguir o exemplo, melhor; caso contrário ,eles escolherão alguém mais visível para brigar.

A definição de um player no campo global pode ser resumida a um país capaz de criar fatos que as demais nações são forçadas e enfrentar de maneira negociada. Sob esta ótica, já chegamos lá; o departamento de Estado americano estava dando os retoques finais em um pacote –monstro de sanções, um projeto que vinha tomando mais de um ano de Hillary Clinton, e teve que parar tudo para lidar com essa iniciativa insolente Irã-Brasil-Turquia.

Agora falta escolhermos melhor nossas batalhas.
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segunda-feira, 7 de junho de 2010